terça-feira, 18 de setembro de 2012

Código de Ética da UNESCO para o mergulho


Para assegurar a preservação do patrimônio cultural submerso, em 2001, foi criado pela UNESCO o  Código de Ética para o Mergulho. Ele tem como objetivo conscientizar os mergulhadores de pequenas ações que podem ser feitas para preservar um bem comum. Mais do que isso, os mergulhadores podem auxiliar o trabalho do arqueólogo documentando a localização de novos sítios.

O Código está disponível em inglês na página da UNESCO. Na página do LAAA há uma versão em português.



O Código de Ética da UNESCO para o mergulho em sítios arqueológicos subaquáticos

1. Proteja o patrimônio cultural subaquático para as futuras gerações.
O Patrimônio Cultural Subaquático engloba todos os vestígios da existência humana tendo um caráter cultural, histórico ou arqueológico, que se encontram submersos. Ao longo dos séculos, milhares de navios, cidades inteiras e paisagens foram cobertas pelas águas. Eles constituem uma herança preciosa que precisa ser protegida.

2. Não toque em restos de naufrágios ou em ruínas submersas.
O sítio de um naufrágio ou de uma ruína submersa é historicamente importante. Quando objetos ou outros vestígios são removidos sem que as informações do sítio sejam registradas por cientistas, elas são tiradas do contexto original e perdem parte de seu significado. Eles também são suscetíveis à deterioração fora d’água. A extração de um objeto sem o respeito às técnicas adequadas pode representar o seu desaparecimento. Mergulhadores que não participam de um projeto científico não devem tocar em nenhum objeto de um sitio arqueológico subaquático.

3. Respeite a legislação que protege os sítios arqueológicos subaquáticos.
Muitos sítios do patrimônio cultural subaquático são protegidos por Lei. Conhecer e compreender a legislação aplicável antes de mergulhar, pode evitar a violação da Lei. Para saber mais sobre as Leis em diferentes países, visite: www.unesco.org/culture/natlaws.

4. Solicite permissão para mergulhar em determinados sítios.
Muitas vezes, é necessário obter autorização específica para mergulhar em alguns naufrágios ou sítios arqueológicos. Não mergulhe sem uma licença quando esta for necessária, você pode expor o sítio e você mesmo ao perigo. Observe também as diretrizes oficiais que regulamentam o mergulho em alguns lugares. Sítios protegidos são freqüentemente mencionados em mapas ou sinalizados por bóias ou placas na praia.

5. Apenas arqueólogos podem remover objetos. 
Mergulhos não-científicos devem permanecer não-destrutivos e não-intrusivos. Não remova ou recupere objetos, exceto em escavações arqueológicas oficiais e sob a supervisão de um arqueólogo profissional com permissão das autoridades competentes. 

6. Não leve um souvenir.
Mergulhe para se divertir e / ou investir na causa da defesa do patrimônio cultural. Tire fotos, documente os sítios... No entanto, não retire qualquer objeto encontrado  em um naufrágio ou em um sítio subaquático e não danifique o sítio. Você pode destruir o contexto histórico e danificar o objeto transportado à superfície.

7. Respeite os dispositivos de proteção dos sítios.
Os dispositivos de proteção (gaiolas de metal, camadas de areia, sonar, bóias) instalados sobre sítios arqueológicos subaquáticos pelas autoridades responsáveis, servem para protegê-los da erosão, dos invasores e dos saques e devem ser respeitados. Mesmo se você não danifique o sítio arqueológico, qualquer dano causado a um dispositivo de proteção, abre caminho para danos ao sítio do patrimônio cultural subaquático. Se você notar algum dispositivo danificado, informe as autoridades. 
8. Informe suas descobertas as autoridades competentes. 
Se você encontrar um naufrágio ou um sítio arqueológico subaquático, não divulgue sua informação ao público. Informe imediatamente as autoridades nacionais competentes. Se a sua descoberta tiver um valor
significativo, é possível que as escavações sejam realizadas ou que o sítio se torne um local protegido.

9. Entregue os objetos retirados. 
Se você encontrou um objeto em um sítio arqueológico subaquático, comunique as autoridades competentes o mais rapidamente possível, a fim de protegê-lo de grandes riscos. Quando você descobre um artefato antigo debaixo d'água ou na praia, exposto a um grande risco de ser danificado, e não for possível comunicar imediatamente as autoridades competentes, então entregue o objeto a autoridade mais próxima. Esse objeto pode indicar a presença de um sítio arqueológico na costa e fornecer informações valiosas sobre um sítio.

10. Não venda o nosso patrimônio comum. 
Objetos provenientes de um sítio arqueológico subaquático não devem ser comercializados, mas protegidos. Podemos aprender muito sobre o desenvolvimento de civilizações e de nosso próprio passado com os naufrágios e ruínas submersas. Se esses objetos são dispersos, uma parte da nossa história se perde. Se você tomar conhecimento da venda de objetos adquiridos ilegalmente, avise as autoridades.
11. Documente os sítios descobertos. 
Se você descobrir um naufrágio ou uma ruína subaquática, colete informações precisas sobre sua condição e localização exata (fotos, desenhos ou anotações). Faça um relatório sobre sua descoberta aos cuidados das autoridades competentes.

12. Tenha cuidado ao fotografar.
Ao tirar fotografias, tenha o cuidado de evitar o contato direto com os naufrágios ou os vestígios de sítios arqueológicos. Possuir uma câmera não dá o direito de remover ou destruir o patrimônio cultural subaquático. Muitos objetos são vulneráveis, independentemente do tamanho. Técnicas impróprias ao tirar fotos debaixo d’água podem danificar elementos delicados de um sitio arqueológico: a colisão de uma câmara, o movimento de uma nadadeira ou mesmo o simples ato de tocar um objeto pode danificá-lo. O equipamento.

13. Seja prudente.
Mergulhos em naufrágios ou ruínas subaquáticas podem ser perigosos. Certifiquese de seguir as normas de segurança e verifique se sua condição física é adequada quando você pretende mergulhar em um sítio arqueológico. Preste atenção à profundidade, ao clima e às correntes e não entre em cavidades sem tomar as medidas de segurança necessárias. Nunca mergulhe sozinho. Mergulhe de preferência com um guia profissional e qualificado, e colete previamente informações sobre o sítio.  

14.Seja um exemplo a seguir. 
Quando mergulhar em um sítio do patrimônio cultural subaquático, seja um modelo para outros mergulhadores e não-mergulhadores. Incentive outros mergulhadores a seguir o Código de Ética da UNESCO para o mergulho em sítios arqueológicos. Ajude na conscientização das comunidades locais, do público e de mergulhadores da importância da preservação do patrimônio cultural subaquático. 



15. Apoie a ratificação e a aplicação da Convenção de 2001 da UNESCO sobre a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático. 
A Convenção de 2001 da UNESCO para a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático é um tratado internacional  para proteger este patrimônio. Ela apresenta princípios básicos de proteção, define o sistema de cooperação internacional e estabelece regras para a arqueologia subaquática. Apoie a Convenção de 2001 da UNESCO sobre a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático!  






Professor da UFS é premiado por 25 anos de pesquisas em baixo d’água



Entre os dias 14 e 19 de agosto foi realizado, em Jundiaí (SP), o 16º. Encontro Anual de Mergulhadores, organizado pela NAUI Mercosul (National Association of Underwater Instructors). No evento, que teve como tema principal a segurança no mergulho, o professor Gilson Rambelli, do Núcleo de Arqueologia da Universidade Federal Sergipe (UFS), recebeu um prêmio por completar 25 anos como mergulhador.
No ano de 1987 não começou apenas a carreira de Rambelli como mergulhador, mas também a Arqueologia de Ambientes Aquáticos no Brasil. Rambelli foi o primeiro arqueólogo brasileiro que aprendeu a mergulhar para fazer Arqueologia Subaquática.
Quando se fala em arqueologia é comum pensar imediatamente nas pesquisas feitas em superfície. Porém, cerca de 70% do planeta Terra é composto por água, e nessas águas estão localizados inúmeros sítios arqueológicos. São considerados sítios em ambientes aquáticos todos aqueles testemunhos de atividades humanas que estão localizados nos mares, oceanos, rios e lagos, ou em qualquer ambiente alagado.
A área da arqueologia que estuda esse tipo de sítio é conhecida como Arqueologia de Ambientes Aquáticos, que nada mais é, do que uma adaptação dos métodos e técnicas da Arqueologia para esse ambiente. Nesse caso, um arqueólogo mergulhador faz a pesquisa de campo submerso.
Esse ramo da disciplina é muito importante para preservar, documentar e estudar o patrimônio cultural que se encontra em baixo d’água, como navios naufragados ou sítios que no passado estavam em superfície, mas com a variação do nível do mar foram alagados.
Atualmente a UFS é a única universidade brasileira com um laboratório para pesquisas em baixo d’àgua, o Laboratório de Arqueologia para Ambientes Aquáticos, que atende tanto o Núcleo de Arqueologia quanto o Programa de Pós-Graduação em Arqueologia e tem o reconhecimento e a chancela da Unesco.
Gilson Rambelli possui especialização em Arqueologia Subaquática na França, doutorado em Arqueologia pela Universidade São Paulo (USP) e pós-doutorado em Arqueologia Subaquática pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente é Professor Adjunto do Núcleo de Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe; Membro efetivo do International Committee on Underwater Cultural Heritage / Internacional Council of Monuments and Sites (ICUCH / ICOMOS) e Presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira.

Comunicação do Laboratório de Arqueologia de Ambientes Aquáticos